Antes da inauguração do Estádio Brinco de Ouro da Princesa, a história do Guarani Futebol Clube passa essencialmente por dois outros campos de futebol, um deles o chamado “Pastinho”.
Pouco depois de sua fundação, o Bugre conseguiu, junto ao Poder Público, autorização de uso de um campo de terra batida, na confluência das ruas Dr. Salles de Oliveira e Francisco Theodoro, na Vila Industrial. Era chamado de “Ground da Villa Industrial”
Dois anos depois, passou a usar outro campo, agora localizado ao lado de uma rua de terra, travessa da Rua José Paulino, chamada Barão Geraldo de Rezende, no bairro Guanabara, pertencente a Dona Libânia, viúva de Joaquim Policarpo Aranha, o Barão de Itapura.
Em 1918, cogitou-se, sob a presidência de Carmine Alberti, adquirir um terreno e construir a praça de esportes que o clube necessitava. Embora treinasse no “Ground do Guanabara”, o Guarani mandava seus jogos no Hipódromo Campineiro, onde havia um campo que era alugado para os times da Cidade. Para dar seqüência a esse ambicioso sonho (nenhum clube de futebol de Campinas tinha estádio particular àquela época), foi criada a “Comissão Pró Estádio”, formada por João Pereira Ribeiro (Presidente), Frederico Borghi (Tesoureiro), João Silveira Bello (Secretário) e que ainda tinha como membros os bugrinos Mateus Romeiro Pinto, Vicente Canecchio e Alfredo M. Maia.
Em 1921, após a morte da Baronesa, o Clube negociou com a herdeira, Dona Isolethe Augusta de Souza Aranha (tia do pioneiro bugrino Egydio de Souza Aranha), e conseguiu comprar aquela área do bairro Guanabara, de pouco mais de 22.000 m², iniciando uma série de campanhas para arrecadação de fundos, incluindo-se uma grande quermesse. A escritura de compra e venda foi lavrada no dia 4 de janeiro de 1922, mediante pagamento de 19.847$700 a Dona Isolethe. Para conseguir os recursos necessários para as obras de construção das arquibancadas e vestiários, o clube acabou fazendo um empréstimo, hipotecando o terreno.
Num domingo pela manhã, 15 de julho de 1923, a diretoria bugrina, liderada pelo presidente Antonio Albino Jr, e inúmeros torcedores se acotovelavam na frente da Estação Ferroviária da Cia. Paulista. Ali chegava o poderoso Club Athletico Paulistano, comandado pelo grande astro do futebol brasileiro Artur Friedenreich. Da estação, os visitantes foram levados a pontos pitorescos de Campinas. Após um almoço servido no Restaurante do Bosque dos Jequitibás, o Paulistano foi conduzido ao “Estadium do Guarany”, já completamente abarrotado de torcedores bugrinos.
O Guarani Futebol Clube, para a inauguração de seu primeiro estádio, entrou em campo formado com Pacheco; Joca e Tavares; Deputado, Juca e Joaquim; Miguel, Zequinha, Barbanera, Nerino e Pilla. O visitante Club Athletico Paulistano, por sua vez, entrou em campo com Tidoca; Clodoaldo e Guarani; Sergio, Tango e Abate; Formiguinha, Hermógenes, Friedenreich, Mestre e Netinho. Responsável por ter conseguido o jogo, o benemérito bugrino Nagib José de Barros foi o árbitro da partida.
No jogo, o bravo Guarani conquistou a vitória por 1 X 0, com um gol de Zequinha, aos 36 min. do 2º tempo. Encerrada a partida, a torcida fez grande festa pelas ruas até o centro da Cidade, comemorando o duplo feito.
As obras no Estádio ainda prosseguiram até 1924, havendo, além da arquibancada, também um bar e uma pequena casa para o “Zelador”, atrás do gol dos fundos. A primeira grande reforma aconteceu em 1929, quando o gramado foi trocado, o campo ampliado e foi construída uma geral de alvenaria do lado oposto às sociais. Dez anos depois, em 1939, foi feita uma reforma na velha arquibancada de madeira atrás do gol de entrada. Outra grande reforma aconteceu em 1942/43, incluindo nova troca do gramado.
O primeiro estádio bugrino ainda teve duas ampliações posteriores: a primeira inaugurada em 14 de abril de 1946, oferecendo aos torcedores uma nova arquibancada para 800 pessoas e mais 300 cadeiras especiais, colocadas na pista, e outra após o acesso à 1ª Divisão de Profissionais, em 1950, com a construção de uma arquibancada de madeira atrás do gol dos fundos, aumentando a capacidade de público.
O “Estádio do Guarani” foi utilizado até 1953, quando o Brinco de Ouro da Princesa foi inaugurado. O último jogo realizado no antigo estádio do bairro Guanabara foi um amistoso contra o São Paulo FC (1 X 1 em 05/04/1953).
O apelido “Pastinho” foi inicialmente dado de forma depreciativa por adversários, mas acabou sendo adotado pelos próprios bugrinos para se referirem carinhosamente ao seu antigo estádio, onde o Bugre recebeu, por 30 anos, vários dos maiores clubes do País, e mandou seus jogos pelos Campeonatos Paulistas de 1927 a 1931 e de 1950 a 1952.