Único Campeão Brasileiro do interior do Brasil. Este feito perdura há quase 40 anos. Maior glória da história do Guarani Futebol Clube, o título de 1978 elevou o nome do gigante alviverde para o cenário nacional e internacional do futebol.
Neste capítulo resgataremos a história por trás da trajetória Bugrina até a conquista do Campeonato Brasileiro de 1978.
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Neneca; Mauro, Gomes, Édson e Miranda; Zé Carlos, Zenon e Renato; Capitão, Careca e Bozó. O torcedor Bugrino jamais esquecerá deste time. Ídolos. Lendas. Que alcançaram o que até hoje é o maior feito da história do Guarani Futebol Clube. Mas afinal, como isso aconteceu?
Formado por mescla de jovens promessas das categorias de base do clube e de jogadores experientes o Guarani iniciou a competição desacreditado. Na oportunidade, o presidente do Bugre, Ricardo Chuffi, apostou na contratação do, até então desconhecido, Carlos Alberto Silva que realizara um bom trabalho à frente da Caldense – MG para ser o comandante do time.
Para a mídia da época a chance de tudo aquilo dar errado era grande, ainda mais com o início precoce do Campeonato Brasileiro, em março, por causa da Copa do Mundo. No entanto, o grupo bugrino trabalhou com muito empenho para mostrar, em campo, que poderia alcançar um bom resultado no torneio nacional.
A estreia no campeonato Brasileiro foi contra o Vasco com derrota por 3 a 1, no Brinco de Ouro. Porém, o revés não abalou a equipe. Nos dois jogos seguintes, o Bugre bateu Bahia e CSA e retomou o caminho das vitórias. Entretanto, nos três jogos seguintes o Alviverde não conseguiu vencer nenhum e empatou com: Vitória, CRB e Sergipe. No retorno ao Brinco de Ouro, o time campineiro reencontrou o caminho da vitória e, que vitória, sonoros 5 a 0 pra cima do Confiança, na partida que antecedia o dérbi.
Com um time entrosado, o Bugre fez valer o mando de campo e venceu a AAPP por 2 a 0, com dois gols do jovem Careca. O resultado colocou o Bugre na vice-liderança do Grupo D e praticamente garantiu a classificação à segunda fase do Campeonato Brasileiro.
Em um sistema de todos contra todos, a segunda fase começou com um empate diante do São Paulo e uma vitória contra o Brasília. Na terceira rodada o Bugre sofreu um acidente no percurso. Em Belém, diante do Remo, uma derrota por 5 a 1. Entretanto, a derrota foi rapidamente superada com uma vitória diante Caxias, em casa, e um empate com o Vasco, no Rio. Em meio à Copa do Mundo, o Bugre perdeu para a Portuguesa, fora de casa, por 2 a 0, empatou sem gols com o Coritiba, em casa, e venceu o Villa Nova-MG, em casa, por 2 a 0, garantindo assim a classificação para a terceira fase.
No grupo Q, ao lado de mais sete times, o Bugre era um dos favoritos ao lado de Santos e do poderoso Internacional. O Alviverde iniciara sua caminhada justamente diante dos gaúchos. Porém, o Colorado, vivendo um grande momento dentro da competição -, desdenhou da equipe campineira. Na oportunidade, a imprensa gaúcha classificou o ataque Bugrino como: “Time de circo e risos”. A piada era em alusão aos nomes dos componentes do trio ofensivo do Guarani, Capitão, Careca e Bozó.
A gozação para com o Guarani foi lembrada pelo técnico Carlos Alberto Silva para motivar seus atletas em busca da vitória. Naquele momento do campeonato, mais do que nunca, era precisa mostrar a todos que o Guarani era um time eficiente e poderia brigar pelo título. Mesmo diante de Falcão, Batista, Chico Spina, Valdomiro e Caçapava, o Bugre não se intimidou e deu um verdadeiro show no gramado do Beira Rio naquele dia 02 de julho de 1978. Renato, Bozó e Zenon marcaram os gols na vitória por 3 a 0 em pleno Beira-Rio.
A vitória sobre o Inter embalou o Guarani e mostrou que a equipe poderia chegar longe na competição. Depois do resultado diante do Internacional, o Bugre tropeçou diante do Goiás, fora de casa, e posteriormente venceu os cinco jogos restantes daquela fase (Santos, Botafogo – PB, Goytacaz, Botafogo – SP e Londrina.
Classificado em primeiro lugar às quartas de finais foi a vez de enfrentar o Sport. Com gols de Zenon e Capitão, o time paulista venceu por 2 a 0 e foi com uma confortável vantagem para o duelo de volta, em Campinas. Nele, um show e goleada por 4 a 0, com dois gols de Capitão, um de Renato e outro de Miranda.
Na semifinal foi foi a vez de encarar o Vasco. Em um Brinco de Ouro lotado, o Alviverde venceu uma verdadeira guerra. Com dois expulsos ao fim da partida, o Guarani bateu os cariocas pelo placar de 2 a 0. O jogo da volta a atmosfera era ainda mais hostil. Com mais de 100 mil pessoas, Zenon brilhou, marcou duas vezes e pela primeira vez na história colocou o Guarani em uma final de campeonato brasileiro. Ainda teve tempo de Dirceu descontrar para o cruzmaltino e encerrar invencibilidade de 778 minutos do goleiro Neneca sem levar gols.
A grande final foi um capítulo a parte. Pela frente, o poderoso Palmeiras. O duelo começou antes mesmo da bola rolar, a Federação Paulista de Futebol propôs que as duas finais fossem disputadas em São Paulo, porém, a Confederação Brasileiro de Desportos vetou e garantiu o segundo jogo da finalíssima em Campinas pelo fato do Bugre possuir melhor campanha que o Palmeiras.
Na primeira partida, em São Paulo, cerca de 360 ônibus deixaram a cidade de Campinas rumo ao Morumbi. No total, mais de 25 mil torcedores do Guarani em um Morumbi lotado para empurrar o time rumo à vitória. A partida foi muito tensa e o lance decisivo aconteceu após um desequilíbrio do goleiro Emerson Leão. O arqueiro do Alviverde acertou Careca dentro da área em um lance sem bola e o árbitro Arnaldo Cezar Coelho marcou pênalti. Zenon cobrou e fez. Bastava um empate no jogo de volta no Brinco para carimbar o título.
No jogo da volta brilhou novamente a estrela do menino Careca. Aos 36′ da primeira etapa, o atacante aproveitou o rebote do goleiro palmeirense e chutou cruzado para marcar o gol do título do Bugre e fazer o Brinco de Ouro explodir em alegria.
Números da conquista
Na oportunidade o Campeonato Brasileiro era disputado por 74 equipes. Na fase preliminar o Bugre realizou 11 partidas com 5 vitórias, 4 empates e 2 derrotas. Classificado à fase semifinal, o Guarani realizou 8 partidas, sendo 3 vitórias, 3 empates e 2 derrotas. Na fase final foram 7 jogos, 6 vitórias e 1 derrota com destaque para o sonoro 3 a 0 diante do Internacional, no Beira-Rio.
A fase de quartas de final foi disputada em dois jogos. O Bugre venceu o Sport, na Ilha do Retiro, por 2 a 0 com gols de Zenon e Capitão, na partida de ida e no Brinco de Ouro aplicou uma goleada de 4 a 0. Na semifinal foi a vez de bater o Vasco. No Brinco, 2 a 0. A partida para decidir o finalista aconteceu no Rio de Janeiro e o que se viu foi um show de Zenon. O Guarani venceu novamente por 2 a 1 e enfrentaria o Palmeiras nas finais.
Em 10/08/1978, o alviverde campineiro foi até São Paulo, no Morumbi, e com gol de pênalti de Zenon, venceu a primeira partida por 1 a o. Três dias depois, a grande final, em Campinas, com a presença de mais de 28 mil pessoas no Brinco de Ouro, o Bugre venceu também por 1 a 0, com gol do prodígio Careca.
Ao todo, a campanha do Guarani teve 32 partidas com 20 vitórias, 8 empates e 4 derrotas. Carlos Alberto Silva conseguiu um aproveitamento de mais de 70% no comando da equipe.
Sem o comandante
O técnico do time campeão brasileiro faleceu em Janeiro deste ano, em Belo Horizonte, onde residia. O Guarani Futebol Clube é grato a todos que fizeram parte deste enorme feito e aproveita a oportunidade para homenagear mais uma vez o nosso eterno comandante. Obrigado por terem conquistado a nossa maior glória.
Comemorações
As comemorações dos 107 anos do Guarani Futebol Clube serão realizadas após o Campeonato Paulista da Série A2. A diretoria do Alviverde está preparando uma programação especial para a comemoração desta data especial.